Mari, Mari, Mari, Marinês
Mari, Mari, Mari, Marinês
Se ela soubesse nunca tinha reclamado
Da vida de garota comum
Ela era adolescente e era rebelde
E logo fez seu desjejum
Como era lindo aquele homem
Ao qual entregou seu coração
Ele era bem mais velho e também casado
Mas isso não importava não
As dores de cabeça começaram
E as dores da alma se acovardaram
Perante a uma possível morte
E os boatos que não se espalharam, por sorte
Levanta, Marinês
Ver se anda, por favor
Eu só preciso fazer um check up
Check up esse que mostrou o tumor
Mari, Mari, Mari, Marinês
Mari, Mari, Mari, Marinês
Elena, sua amiga, quase desmoronou
E Inês prometeu que iria ficar bem
A pobre garotinha não escutou
Quando seu pai chamou Mari de meu bem
Faltavam cinco dias para os quinze
Quando Mari se internou na clínica
Só vai cair o cabelo e o legal mesmo
É não assistir as aulas de Física
Ah, quem dera à Marinês
Assistir aulas de segunda a segunda
Não tomar tanto soro ou remédio
E que não tivesse outro tumor na coluna
Ah, quem dera à Marinês só fosse o câncer
E não a fama de vagabunda
A barriga crescia e a família não sabia
O que fazer no fim das contas
Eu não vou abortar
Se eu morrer essa criança fica
Mas quem foi te abusou, meu amor?
Perguntava a mãe pra filha
Mari, Mari, Mari, Marinês
Mari, Mari, Mari, Marinês
E contaram pra Mari que a cirurgia
Só seria depois da gravidez
E que iria ficar paralítica
Só que isso não a assustou
Hoje a garota tem 17 anos
Duas filhas, uma enteada e um grande amor
O moreno de nome Maurício
Pobrezinho tão bonito, por que enviuvou?
Minha mulher se matou
Após depressão pós-parto
E agora sozinho estou
Sozinho não ficou
Pois a bela cadeirante
Seu amor lhe confessou
Juntos estariam nas tragédias
Na fisioterapia ou fazendo amor
E diz que o pai de Elena nem culpa sente
De botar a culpa na adolescente
Mari, Mari, Mari, Marinês
Mari, Mari, Mari, Marinês